BOLETIM 1

 

DESTAQUE

 

RESULTADO ELEIÇÃO SINDSAAE

CONFIRA O RESULTADO DA ELEIÇAO DA NOVA DIRETORIA DO SINDSAAE, REALIZADA EM 15 E 16/09/2015, PARA O PRÓXIMO TRIÊNIO (NOVEMBRO 2015 / NOVEMBRO 2018)

- CHAPA 1: 94 VOTOS (96%); - VOTOS BRANCOS: 03 (3%); - VOTOS NULOS: 01 (1%)

Ação Judicial, referente ao FGTS: Documentação a ser apresentada

Os trabalahdores(as) interessados em ingressar com ação judicial, referente a diferença no índice de correção do FGTS, período anterior a outubro/93 (data da mudança do regime de CLT para Estatutário), deverão procurar o SINDSAAE com a seguinte documentação: Extrato do FGTS (solicitar na Caixa Federal), cópia do CPF e RG, cópia conprovante de residência, cópia das páginas de identificação (foto) e contratos de trabalhos na Carteira Profissinal.

IPMJ: médica reclamada pelos trabalhadores foi substituída

Em reunião, no dia 20 de agosto, o SINDSAAE e STPMJ expos a Diretoria do Instituto reclamações referentes à falta de respeito por parte dos médicos peritos (terceirizados) do IPMJ, quando do atendimento aos trabalhadores.

Após o relato dos sindicatos, a presidente comprometeu-se a notificar a empresa contratada. Registrada a denuncia, fomos informados que a médica reclamada pelos trabalhadores foi substituída.

Caso o fato se repita, orientamos os trabalhadores a procurar o Sindicato.

MITOS FUNDANTE

ESCRITO POR FREI BETTO

TERÇA, 03 DE NOVEMBRO DE 2015

Correio da Cidadania

Há instituições e processos sociais que asseguram sua unidade e coerência sobre um mito fundante. Exemplo óbvio é a figura do papa à frente da Igreja Católica. Fosse o papado suprimido, a Igreja seria um corpo sem cabeça. Cada bispo se julgaria no direito de proceder como lhe conviesse e logo irromperiam conflitos e rupturas.

Uma instituição ou processo social sem mito fundante é como um navio sem capitão ou aeronave sem piloto. Exemplo é o PCB (Partido Comunista Brasileiro) quando Prestes se afastou de sua direção. Nunca mais o partidão foi o mesmo. Nenhum de seus sucessores tinha carisma suficiente para manter a coesão partidária. Aos poucos, o PCB perdeu seu vigor.

O que seria do PT sem Lula? Nenhum de seus líderes tem, como ele, o brilho da estrela. São como astros que giram ao redor do sol e carecem de luz própria.

O que será de Cuba sem Fidel e Raúl? Os dois se encontram em idade avançada. Deixarão sucessores capazes de, como eles, manter o povo cubano confiante nos rumos da Revolução?

As grandes religiões se segmentaram em tendências conflitantes após a morte de seus fundadores. Após Jesus, a Igreja conheceu tendências heréticas e, no século XI, rachou-se entre os patriarcados do Oriente e do Ocidente; no século XVI, Lutero abriu um novo caminho para a fé cristã, de costas para Roma.

O mesmo ocorreu entre os muçulmanos após a morte de Maomé. Dividiram-se entre sunitas e xiitas e, hoje, em países árabes, combatem entre si com armas nas mãos. Até mesmo os discípulos de Francisco de Assis assumiram caminhos divergentes, divididos entre frades menores e capuchinhos.

Inútil argumentar contra o culto à personalidade, como se as pessoas aderissem a um partido político ou religião após tomarem conhecimento de seu programa ou de sua doutrina, ainda que seus líderes sejam corruptos. Na nossa cultura, o exemplo pessoal fala mais alto do que propósitos enunciados em discursos e projetos. Talvez o culto à personalidade seja um mal necessário.

A dificuldade, hoje em dia, em tempos de evasão da privacidade, é encontrar quem sirva de exemplo, como é o caso do papa Francisco. Estamos todos sujeitos ao olho panóptico do Big Brother . Nada escapa à transparência facilitada pelas novas tecnologias. Não há mais segredos invioláveis. Como demonstrou Snowden, até o sistema de segurança dos EUA é vulnerável. E hackers são capazes de invadir os mais protegidos computadores.

Soma-se a isso a inversão de valores. Minha geração admirava pessoas solidárias, movidas por ideais humanitários, como Gandhi, Luther King, Che Guevara e Mandela. Quem são os ídolos dos jovens de hoje? A maioria se mobiliza pela ambição de riqueza, beleza, fama e poder. Estaria disposta a se engajar na construção de um mundo de justiça e paz?

O que me deixa otimista é o fato de o planeta ter se tornado uma pequena aldeia. Todas as fronteiras estão ameaçadas, as territoriais e as que segregam pessoas.

Frei Betto é escritor, autor de “Paraíso perdido – viagens ao mundo socialista” (Rocco), entre outros livros.

Website: http://www.freibetto.org/

Twitter:@freibetto.

Pequena síntese sobre a conjuntura política brasileira

ESCRITO POR MURILO GASPARDO
TERÇA, 27 DE OUTUBRO DE 2015

Correio da Cidadania

Como os jornais, portais de notícias e redes sociais estão repletos de análises sobre a “crise política e econômica brasileira” relutei em escrever sobre o assunto, entendendo nada ter a acrescentar. Porém, como muito do que se escreve não tem a pretensão de esclarecer, mas de confundir e afastar do campo de visão as raízes do problema, tentarei destacar alguns pontos que me parecem importantes.

1. A corrupção e a atual crise econômica não apagam os avanços sociais e econômicos conquistados ao longo dos anos de governo do Partido dos Trabalhadores, mas explicitam os limites do projeto: não se tratava de ruptura com a estrutura socioeconômica de dominação e exploração, nem com as relações políticas baseadas no patrimonialismo e no clientelismo que marcam a história brasileira – o projeto não passava de um novo pacto com as elites com incorporação de benefícios (controlados) para as classes trabalhadoras e excluídas.

1.1. Quanto à crise econômica, quando os recursos públicos, em razão da conjuntura internacional e de fatores internos, deixaram de ser suficientes para manter, simultaneamente, o ritmo dos avanços sociais e os níveis de lucros das elites, notadamente as rentistas, o governo deixou claro que seu compromisso principal era com as elites.

1.2. Da perspectiva política, as afirmações sobre o caráter seletivo da mídia brasileira ao tratar do tema da corrupção e da postura golpista da oposição – registre-se, verdadeiras – não isentam o partido do governo de suas responsabilidades por optar por construir sua governabilidade adotando as mesmas práticas que sempre criticou. E também por financiar suas campanhas eleitorais por meio de recursos obtidos junto a grandes empresas brasileiras que, de uma forma ou outra, como é de conhecimento público, ao fazerem suas “doações” estão “investindo”, à espera de retornos do Estado brasileiro – legais ou não, sempre imorais, pois comprados às custas do falseamento da democracia e da justa distribuição do orçamento público.

1.3. Assim, a defesa das instituições democráticas deve permanecer na agenda dos que esperam e lutam por transformações estruturais no Brasil, mas não subsistem quaisquer razões para a defesa do governo – não há o que pactuar com quem já escolheu pactuar com as elites financeiras, com o patrimonialismo e o clientelismo, e abandonou qualquer perspectiva emancipatória.

2. Por sua vez, a oposição à direita tem no impeachment sua única proposta concreta. Além disso, limita-se a um discurso contra a corrupção e por uma eficiência na gestão, o qual não encontra sustentação nem em seu passado nem no presente, bem como a práticas contraditórias e oportunistas no Congresso Nacional. Portanto, é preciso ficar claro para toda a população (não basta que os militantes de esquerda saibam disso) que a direita não tem qualquer alternativa para oferecer ao Brasil – a não ser às elites, especialmente financeiras, a quem sempre serviu.

3. Mas essas não são as únicas alternativas: há a oposição à esquerda, que se manifesta em partidos como o PSOL e, sobretudo, por meio de movimentos sociais que representam as parcelas mais excluídas e marginalizadas da sociedade brasileira. Estes defendem transformações radicais no Estado e nas relações sociais, mas esbarram em um limite cuja transposição não é simples: a construção de um projeto político que conquiste o apoio majoritário da sociedade brasileira.

3.1. Ressalta-se que a conquista do poder do Estado não deve ser o principal e, muito menos o único objetivo dos movimentos de esquerda, porém, no atual contexto histórico, revela-se indispensável.

3.2. Embora tais movimentos sejam constituídos ou representem a imensa maioria da população brasileira, há fortes evidências de que, da perspectiva da disputa eleitoral, não encontram respaldo dessa maioria. Por que isso ocorre? A resposta não é simples, nem única. Proponho algumas hipóteses:

a) restrições, inerente ao sistema capitalista, a projetos de esquerda; b) disputas internas em torno de espaços de poder ou em razão de diferenças ideológicas que se colocam acima do essencial, do que nos une, favorecendo os verdadeiros adversários; c) dificuldades de organização, mobilização e comunicação com a população; d) ausência de um projeto capaz de, respeitadas as diversidades dos movimentos de esquerda, uni-los para conquistar o apoio popular e enfrentar os verdadeiros adversários.

Discutir esses temas parece-me uma agenda essencial para a esquerda brasileira.

Leia também

Dois modelos esgotados – Editorial

Fim da bonança econômica expõe limite da “Revolução Cidadã” no Equador

O Brasil está parado, mas os bancos continuam lucrando

Guilherme Boulos: “Não há saída mágica, é preciso retomar as ruas e o trabalho de base”

‘Ou se rompe totalmente com o PT ou seremos engolidos pela onda conservadora'

Não há como recuperar a legitimidade da política sem ruptura radical com Lula e Dilma

Murilo Gaspardo é professor de Ciência Política e Teoria do Estado da UNESP/Franca e Doutor em Direito do Estado pela USP.

E-mail: murilogaspardo(0)yahoo.com.br .


O boteco do PT


Sentado no Boteco do PT, entre 2003 e 2014, o brasileiro escolheu iguarias no cardápio, fartou-se e dependurou a conta – que chegou em 2015! O freguês se espantou: como? Os preços do cardápio eram baratos!

Ora, explicou a gerente do boteco, já não tenho crédito e tudo sobe – a luz, o gás, o telefone. Veja a inflação! Acha que compro, hoje, alimentos pelo mesmo preço que no passado? Já tive que despedir vários empregados.

A crise brasileira é a crise da democracia virtual que predomina no Ocidente. Desde quando se introduziu o sufrágio universal, a suposta democracia política jamais coincidiu com efetiva democracia econômica.

Na economia capitalista não existe democracia. Existe apropriação privada, competitividade, submissão aos ditames do mercado e não aos interesses da nação. Todas as vezes que se fala em democratizar a economia, como uma simples distribuição de renda, as elites puxam as armas – golpes de Estado, evasão de divisas, guerras. Hitler e Mussolini que o digam. Jamais teriam feito o que fizeram se não tivessem contado, no início de seus mandatos, com a cumplicidade das elites europeias e estadunidenses.

O PT conhecia as regras do jogo da democracia virtual. Por isso, lançou a carta ao poder econômico na campanha presidencial de 2002, conhecida como “Carta ao povo brasileiro”. Em 12 anos de governo, o Partido não promoveu nenhuma reforma estrutural, para não ameaçar o quinhão das elites. No entanto, implantou políticas sociais que, de fato, livraram da miséria 45 milhões de brasileiros.

A falta de reformas, como a agrária, impediu que as políticas sociais ganhassem sustentabilidade. E o Brasil prosseguiu na dependência do modelo econômico neocolonial: exportação de produtos primários e matérias-primas (hoje, commodities), captação de capital externo etc. Basta lembrar que, nos últimos 12 meses, o governo pagou ao sistema financeiro, de juros da dívida pública, R$ 510 bilhões, cinco vezes mais que o orçamento anual da Saúde, que é de R$ 100 bilhões.

O poder econômico aceita tudo, menos a redução de sua margem de lucros. Por isso, compra políticos e juízes, contrata lobistas, distribui propinas, interfere nas leis, manipula o noticiário.

Acuado, o governo, vendo o boteco vazio, entregou a ele o controle da política econômica – o ajuste fiscal, que penaliza apenas os mais pobres. Ora, o poder econômico é ganancioso. Agora quer também o poder político. Daí a tentativa de impeachment de Dilma, cujo fiador é o PMDB.

O PMDB vive o drama hamletiano: presidir ou não, agora, o Brasil? Se Michel Temer deixar passar o cavalo encilhado que se apresenta à sua porta, pode perder a única oportunidade de se tornar presidente e, quem sabe, retornar eleito em 2018 se lograr salvar o boteco da falência.

Se montar, sabe que corre o risco de ter em mãos um boteco inadimplente, com a crise se arrastando até 2018, vários partidos da base aliada lhe fazendo oposição, e o Executivo obrigado a saciar a gula infindável de seus correligionários por cargos e benesses.

Quem sobreviver, verá.

Frei Betto é escritor, autor do romance policial “Hotel Brasil- o mistério das cabeças degoladas” (Rocco), entre outros livros.

 

 

 

voltar>>